Nestes tempos pós acidente aéreo, tornou-se muito chato assistir televisão. Todos os noticiários exploram exaustivamente a notícia do Tam 3054. Cada gota de informação, mesmo que de pertinência duvidosa, vem sendo cuidadosamente extraída e exposta na mídia. Como consequência, o tema tem sido batido, moído, torcido... É curioso ver a maneira como a imprensa cai em cima de assuntos dramáticos feito moscas no lixo, assuntos que antes de virem à tona, ninguém dava a mínima. Longe de questionar a seriedade dos fatos, a verdade é que se exagera bastante na cobertura em alguns pontos, como fez uma emissora de TV ao dedicar bons quarenta minutos de transmissão ao vivo à aguinha da chuva que escorria pela quina da pista de pouso danificada em Congonhas.
É um tanto irritante ver o gosto dos caras pelo sensacionalismo, como se tivessem prazer em ver a coisa cada vez mais cagada, só para poderem conclamar com ares de pesar que tudo está escandalosamente errado. Para poderem sustentar as malhações diárias com assuntos sempre fresquinhos, garimpam e escancaram montes de picuinhas que nunca teriam a menor importância, ou que pelo menos não mereceriam constar nas manchetes dos noticiários. Bom para nós, seria poder dizer que é tudo exagero mesmo, puro sensacionalismo barato, mas infelizmente, dependendo do contexto, acaba-se constatando que o sensacional, afinal, não passa muito longe do real.
Por causa desse sensacionalismo e, por que não dizer também, dessa realidade, já enchi o saco do termo “caos aéreo”. Já cansei dos repórteres mostrando exaustivamente, dia após dia, as gananciosas companhias aéreas que fazem overbooking e compensam o transtorno com barrinhas de cereal. Já igualmente maçantes são as cenas de passageiros puxando um ronco atirados num canto, enquanto outros armam o já tradicional barraco no check-in. Câmeras percorrem o saguão e flagram um viajante reclamando que está há sete dias dormindo no aeroporto de São Paulo sem conseguir embarcar para o Rio de Janeiro, sem pensar que talvez, se tivesse tido a brilhante idéia de tomar um ônibus, quem sabe levaria menos de uma semana para cobrir os 430 quilômetros que separam as duas cidades. E o que dizer do cachorrinho que resolveu fazer cocô na pista ou do funcionário da Tam, flagrado tirando meleca do nariz? É luz, câmera, ação!
Sabemos muito bem que o comodismo e o conformismo são os últimos sentimentos que deveriam figurar em uma população representada por um governo apinhado de líderes inconseqüentes, e nesse ponto, o jornalismo brasileiro age certo em cutucar o dodói de certas autoridades. Que esse interesse seja estimulado pelo ideal de se alcançar uma mudança, e não apenas pelos pontos a mais de audiência que uma boa confusão costuma trazer.
Existem não conformidades no setor aéreo? Sim, não restam dúvidas. Os problemas, os culpados e as soluções, são temas por demais complexos, sendo necessárias várias páginas para sequer introduzir o assunto, já que quanto mais se mexe, mais a coisa fede. Aliás, tem sido assim com quase tudo ultimamente. Vamos deixar a resolução dos problemas para aqueles que ganham para isso. Quanto a nós, tentemos dar algum crédito aos nossos representantes, já que fomos nós mesmos que os colocamos lá. E afinal, de que forma cada um de nós, pobres mortais, pode contribuir para pôr um fim aos problemas do setor aéreo? Que tal, antes das próximas eleições, dedicarmos alguns minutos à pesquisa completa sobre os antecedentes de nossos candidatos? Já ajudaria bastante.
É um tanto irritante ver o gosto dos caras pelo sensacionalismo, como se tivessem prazer em ver a coisa cada vez mais cagada, só para poderem conclamar com ares de pesar que tudo está escandalosamente errado. Para poderem sustentar as malhações diárias com assuntos sempre fresquinhos, garimpam e escancaram montes de picuinhas que nunca teriam a menor importância, ou que pelo menos não mereceriam constar nas manchetes dos noticiários. Bom para nós, seria poder dizer que é tudo exagero mesmo, puro sensacionalismo barato, mas infelizmente, dependendo do contexto, acaba-se constatando que o sensacional, afinal, não passa muito longe do real.
Por causa desse sensacionalismo e, por que não dizer também, dessa realidade, já enchi o saco do termo “caos aéreo”. Já cansei dos repórteres mostrando exaustivamente, dia após dia, as gananciosas companhias aéreas que fazem overbooking e compensam o transtorno com barrinhas de cereal. Já igualmente maçantes são as cenas de passageiros puxando um ronco atirados num canto, enquanto outros armam o já tradicional barraco no check-in. Câmeras percorrem o saguão e flagram um viajante reclamando que está há sete dias dormindo no aeroporto de São Paulo sem conseguir embarcar para o Rio de Janeiro, sem pensar que talvez, se tivesse tido a brilhante idéia de tomar um ônibus, quem sabe levaria menos de uma semana para cobrir os 430 quilômetros que separam as duas cidades. E o que dizer do cachorrinho que resolveu fazer cocô na pista ou do funcionário da Tam, flagrado tirando meleca do nariz? É luz, câmera, ação!
Sabemos muito bem que o comodismo e o conformismo são os últimos sentimentos que deveriam figurar em uma população representada por um governo apinhado de líderes inconseqüentes, e nesse ponto, o jornalismo brasileiro age certo em cutucar o dodói de certas autoridades. Que esse interesse seja estimulado pelo ideal de se alcançar uma mudança, e não apenas pelos pontos a mais de audiência que uma boa confusão costuma trazer.
Existem não conformidades no setor aéreo? Sim, não restam dúvidas. Os problemas, os culpados e as soluções, são temas por demais complexos, sendo necessárias várias páginas para sequer introduzir o assunto, já que quanto mais se mexe, mais a coisa fede. Aliás, tem sido assim com quase tudo ultimamente. Vamos deixar a resolução dos problemas para aqueles que ganham para isso. Quanto a nós, tentemos dar algum crédito aos nossos representantes, já que fomos nós mesmos que os colocamos lá. E afinal, de que forma cada um de nós, pobres mortais, pode contribuir para pôr um fim aos problemas do setor aéreo? Que tal, antes das próximas eleições, dedicarmos alguns minutos à pesquisa completa sobre os antecedentes de nossos candidatos? Já ajudaria bastante.
3 comentários:
A culpa seria do Lula, em parte e a outra da TAM, pista, deus etc...
Sabendo que as pistas dos aeroportos mais modernos do mundo já tem a categoria 3 ou seja, a aeronave pode pousar sozinha, mas como o governo só esta querendo gastar dinheiro em obras assistenciais, fica esse “muvuca” nos aeroportos, sem saber quando isso vai acabar de fato!
Felipe Biasus
A ANAC, que deveria fiscalizar tudo isso e impedir a bagunça, também deveria ser um órgão do Estado, não do Governo. Deveria ser independente, deveria ficar enquanto os governos vêm e vão.
Dois problemas:
1. Os funcionários da ANAC foram todos indicados pelo governo e devem satisfações a este.
2. Os funcionários da ANAC foram indicados conforme critérios políticos e não entendem do serviço.
Não se pode esperar muito de gente assim, ainda mais com um presidente que sempre diz que não sabia de nada.
A culpa, na verdade, é dos 60 milhões de brasileiros que votaram nele mais uma vez, apesar de todas as evidências de escândalos e maracutaias.
Nossa, Robson, concordo em gênero, número e grau! Fiz questão de desligar a televisão logo depois de pegar as informações importantes do acidente. Todos perdem quando a cobertura vira esse show de entretenimento barato, né?
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