09 novembro 2008

As manhãs de domingo.


Na semana passada, o GP do Brasil encerrou com chave de ouro o campeonato de Fórmula 1 de 2008 , com emoções há anos não vistas. Para ser mais exato, desde a época em que o saudoso Ayton Senna nos brindava com seus shows dominicais, não ouvíamos com tanta frequência a música tema da vitória brasileira na fórmula 1. Depois que Felipe Massa assumiu o volante da Ferrari, no entanto, essa musiquinha se tornou bem mais freqüente e a vitrola pôde finalmente sacudir a ferrugem acumulada, já que para funcionar vinha dependendo da confluência dos planetas Júpiter e Plutão, único fenômeno que fazia com que Rubens Barrichelo tivesse alguma sorte nas pistas.

Apesar de em 2008 termos novamente nos acostumado às vitórias brasileiras na F1, parece que essa música não soa mais da mesma forma como soava nas vitórias de Senna, já que foi com o nome dele sendo anunciado por Galvão Bueno que a melodia emplacou de vez: “Lá vem Ayrton Senna na ponta dos dedos pra receber a bandeirada, já vai apontar na reta, lá vem ele, Ayrton, Ayrton, Ayrton Senna do Brasil!!” Tan tan tan.... tan tan tan...

O talentoso Felipe Massa que me perdoe a sinceridade, mas ouvir essa música tocando para ele é como vestir um terno caro que, apesar de muito bonito, parece ter sido feito sob medida para outra pessoa, ainda que, na verdade, essa música tenha sido encomendada pela Globo no início da década de 80, portanto, antes de Senna.

Quem tem hoje mais de 25 anos certamente se lembra dos duelos de Senna com seus maiores rivais de pista: Alain Prost, Nigel Mansell e Nelson Piquet. Nessa época, as corridas tinham alguns temperos a mais, ou alguns aparatos eletrônicos a menos. Antes, por exemplo, da revolucionária “suspensão ativa” - a menina dos olhos da equipe Williams em 1991, bastava uma tomada na câmera on board dos carros para que testemunhássemos a sensação de estar à bordo de uma britadeira sobre rodas, somada à ausência do câmbio semi automático, o que fazia com que os pilotos ficassem uma boa parte do tempo com apenas uma das mãos ao volante, enquanto a alavanca de mudança de marchas precisava ser acionada. Pouco a pouco, novos recursos iam sendo implantados nos carros das equipes, sendo que as menos favorecidas acabavam ficando por muito mais tempo sem certas regalias. Foi exatamente o que aconteceu com Senna no início da sua carreira, fato que nunca o impediu, no entanto, de aplicar surras memoráveis nos seus oponentes, ainda que equipado com um carro inferior.

Hoje a fórmula 1 continua contando com grandes pilotos: Felipe Massa, Lewis Hamilton, Fernando Alonso e Kimi Raikkonen são realmente bons, mas seus talentos são invariavelmente ofuscados pelo brilho do maior de todos. E é claro, não podemos nos esquecer de Michael Schumacher, que com toda aquela cara de repolho azedo, conquistou nada menos que sete campeonatos mundiais. Sem dúvida um grande nome, mas cá entre nós, gostaria muito de ter visto o desempenho dele naquela Lotus que Senna pilotou entre 1985 e 1987.

Para quem não acompanhou, ou para quem está com vontade de recordar o talento do fantástico Ayrton Senna, vale muito a pena assistir o vídeo abaixo, em minha opinião, a melhor prova da genialidade do piloto, que em 1994 teria seu brilho apagado de forma trágica na curva Tamburello do circuito de Ímola, na Itália. Simplesmente imbatível na chuva, Senna larga em quarto no GP da Europa em 1993 e, sem tomar conhecimento dos adversários, faz diversas ultrapassagens ainda na primeira volta, nesta que ficou conhecida como a “volta de placa”, assim como Pelé e seu lendário gol de placa.

http://mais.uol.com.br/view/84871

Da mesma forma como ocorreu com Pelé, a impressão que fica é que, por mais que surjam grandes talentos, nenhum vai conseguir igualar a genialidade de Ayrton Senna da Silva.
Atualização: aos finais de semana
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