Ai de nós, moradores de casas de estudantes, engajados com a conservação da sua estrutura física, tentando salvá-la das ameaças constantes das paredes mofadas, das fossas entupidas e das telhas rachadas. Ai de nós, estudantes a quem foi designado o trabalho hercúleo de reunir a documentação que viabilizará, quem sabe, um repasse de recursos financeiros, capaz de livrar nossa casa dos males citados. Para tanto, somos conduzidos através dos corredores frios e escuros das partições públicas, verdadeiras masmorras onde somos aprisionados por horas a fio, em busca de valiosas folhas de papel timbradas, carimbadas e assinadas.
Depois de superado o sufoco e concluído o garimpo, chega a ser cômico apreciar a montanha de papéis que é preciso juntar para provarmos que estamos habilitados a receber o tal benefício. Certidão disso, comprovante daquilo, declarações e atestados aos quilos. Para solicitar um documento é preciso emitir outros cinco. Para validar esses cinco, outros quinze devem ser autenticados em cartório, criando assim uma bola de neve, que esperamos, não venha a rolar por sobre nossas cabeças.
É mais um capítulo da odisséia brasileira da inversão de regras e valores. Hoje, acompanhamos as aventuras de 16 estudantes universitários, que assim como o resto dos brasileiros, já nasceram estelionatários e precisam despender muito tempo até conseguirem provar o contrário. Para isso, partem em busca da pilha de papéis mágicos, o único artefato que tem o poder de convencer os órgãos públicos que estes estudantes pretendem dar o correto fim ao dinheiro recebido.
Provar que somos idôneos não é tarefa das mais fáceis. Se pelo menos fôssemos políticos influentes ou mega empresários, a coisa mudaria de figura. Neste caso, seríamos automaticamente transformados em pobres vítimas de acusadores inescrupulosos, que surgiriam a todo o momento tentando nos derrubar.
A tão mal falada burocracia, ou “burrocracia”, como alguns preferem chamá-la, apesar de sua incrível habilidade de trancar processos, atrasar obras, ou até mesmo impedir procedimentos que salvam vidas, segue ditando o ritmo de crescimento do país. É uma pena que, diante da ganância natural do bicho homem, surja a necessidade de se criar cada vez mais artifícios na tentativa de conter a corrupção. Com tantas barreiras, esperava-se que fosse impossível, ou pelo menos muito difícil praticá-la. Lamentavelmente, a única dificuldade imposta pela papelada parece ser mesmo a quantidade de tinta requerida para impressão dos documentos frios. Talvez, um sistema mais enxuto, e consequentemente, mais inteligente, pudesse se tornar também um pouco mais eficiente.
Enquanto isso não acontece, seguimos desbravando valentemente essa floresta de papel. A menos que você seja um marciano ou um indigente, terá que se embrenhar pelo mesmo caminho em algum ponto da sua vida. Quem nunca teve a honra de praguejar contra este patrimônio da administração pública, que se apresente: pegue uma senha no balcão, preencha três guias de cadastro, autentique sete cópias com reconhecimento de firma em cartório, pague as taxas devidas e por gentileza, tenha a bondade de liberar o balcão.
O próximo!
Depois de superado o sufoco e concluído o garimpo, chega a ser cômico apreciar a montanha de papéis que é preciso juntar para provarmos que estamos habilitados a receber o tal benefício. Certidão disso, comprovante daquilo, declarações e atestados aos quilos. Para solicitar um documento é preciso emitir outros cinco. Para validar esses cinco, outros quinze devem ser autenticados em cartório, criando assim uma bola de neve, que esperamos, não venha a rolar por sobre nossas cabeças.
É mais um capítulo da odisséia brasileira da inversão de regras e valores. Hoje, acompanhamos as aventuras de 16 estudantes universitários, que assim como o resto dos brasileiros, já nasceram estelionatários e precisam despender muito tempo até conseguirem provar o contrário. Para isso, partem em busca da pilha de papéis mágicos, o único artefato que tem o poder de convencer os órgãos públicos que estes estudantes pretendem dar o correto fim ao dinheiro recebido.
Provar que somos idôneos não é tarefa das mais fáceis. Se pelo menos fôssemos políticos influentes ou mega empresários, a coisa mudaria de figura. Neste caso, seríamos automaticamente transformados em pobres vítimas de acusadores inescrupulosos, que surgiriam a todo o momento tentando nos derrubar.
A tão mal falada burocracia, ou “burrocracia”, como alguns preferem chamá-la, apesar de sua incrível habilidade de trancar processos, atrasar obras, ou até mesmo impedir procedimentos que salvam vidas, segue ditando o ritmo de crescimento do país. É uma pena que, diante da ganância natural do bicho homem, surja a necessidade de se criar cada vez mais artifícios na tentativa de conter a corrupção. Com tantas barreiras, esperava-se que fosse impossível, ou pelo menos muito difícil praticá-la. Lamentavelmente, a única dificuldade imposta pela papelada parece ser mesmo a quantidade de tinta requerida para impressão dos documentos frios. Talvez, um sistema mais enxuto, e consequentemente, mais inteligente, pudesse se tornar também um pouco mais eficiente.
Enquanto isso não acontece, seguimos desbravando valentemente essa floresta de papel. A menos que você seja um marciano ou um indigente, terá que se embrenhar pelo mesmo caminho em algum ponto da sua vida. Quem nunca teve a honra de praguejar contra este patrimônio da administração pública, que se apresente: pegue uma senha no balcão, preencha três guias de cadastro, autentique sete cópias com reconhecimento de firma em cartório, pague as taxas devidas e por gentileza, tenha a bondade de liberar o balcão.
O próximo!