24 janeiro 2007

Balconistas uni-vos (e juntos informai-vos)

Tem algo que já está me tirando do sério. Coisa simples, diria até fútil. Já notaram como balconistas de lojas especializadas não sabem absolutamente nada sobre o que estão vendendo? Pode ser que só aconteça comigo, ou então a difusão do conhecimento varia de acordo com a área de atuação ou o produto comercializado. Talvez, se eu não entendesse bulhufas do que estivesse comprando não me incomodaria tanto. Pensando melhor, fatalmente acabaria levando gato por lebre, isso se não viessem ainda outros bichos no lugar do gato. Impressionante como ninguém é capaz de dedicar parte do seu tempo para estudar detalhes técnicos dos produtos que está oferecendo. Custa tanto assim ler um pouquinho?

Eis me aqui, tentando pesquisar preços para compra de alguns acessórios para moto. O que normalmente fazemos quando buscamos algum produto? Eu, pelo menos, vasculho a internet e leio informações em sites de fabricantes, manuais e listas de discussões. Quase sempre acho tudo o que procuro. E aí vem a peculiaridade: com cerca de meia hora de pesquisa, você já sabe mais que qualquer vendedor, mesmo que ele tenha passado metade da vida vendendo as mesmas bugigangas. Veja este exemplo:

Robson - Alô, boa tarde, gostaria de verificar o preço de umas peças, poderia me passar para o setor de vendas?
Atendente - Um momento senhor (liga musiquinha irritante).
Vendedor - Vendas, boa tarde.
Robson - Boa tarde, preciso saber o preço de uma bateria de 7 ampéres.
Vendedor - Não trabalhamos com essa bateria.
Robson - Mas esta não é uma loja de baterias para carros e motos?
Vendedor - Exatamente senhor, só trabalhamos com bateria “mais forte”, a de 12...
Robson - Sim, é isso mesmo que eu quero, né? 12 volts!
Vendedor - Mas é de 12 ou de 7 que o senhor precisa?
Robson - Sim, meu colega, 12 volts e 7 ampéres, sacou?
Vendedor -Ah, sim, mas “tem que ver qual é a certa né, senão queima as bobina”.
Robson - ???!!! Fica frio, não vai queimar nada, basta que você forneça esta bateria que pedi.
Vendedor - Vou ter que verificar com o fornecedor, não sei se estamos trabalhando com esse modelo.
Robson - Ahãn... Se algum dia encontrá-la, não deixe de me avisar...

Ou então:

Robson -Bom dia, estou procurando um bagageiro para moto tal, daqueles reforçados, que suportem bastante carga e...
Atendente surda - Heeiiiin?
Robson - BAGAGEIRO!
Atendente - Um momento senhor (dica: nunca perca tempo com a primeira pessoa que atender o telefone, ela só foi treinada para dizer “um momento senhor”)
Vendedor - Departamento de peças, bom dia.
Robson - Bom dia, estou procurando um bagageiro blá, blá, blá...
Vendedor - Pois não, temos o modelo tal, todo reforçado em alumínio.
Robson - Não, não, alumínio não serve, tem que ser ferro mesmo.
Vendedor - Mas este nosso é de alumínio, muito mais forte.
Robson - Não serve, alumínio é muito mais fraco que ferro.
Vendedor - Olha, acho que não é não.
Robson - Olha, tenho certeza que é sim.
VendedorO de ferro “no momento estamos em falta”
RobsonValeu chefe, tenha um bom dia...

Tem aquela velha história, não vamos generalizar, certo? Mas francamente, tenho tido muito azar, já estou à beira da generalização. Dias melhores virão!!!

14 janeiro 2007

Big Bosta Brasil 7


Começou mais uma edição do Show do Milhão na Rede Globo de televisão. Uma dúzia de cabeças privilegiadas (sim, já viram como o cabelo deles é sedoso e brilhante?) serão confinadas dentro de uma belíssima casa, bisbilhotada por outras tantas milhões, por sua vez, simultaneamente confinadas em suas respectivas paredes. Por várias semanas, ou seja lá quanto tempo dure esse troço, a desgraça alheia tele assistida será tema central das conversas em salões de beleza, filas de banco e mesas de bar. Não haverá saída ou porto seguro, esteja informado ou sinta-se um alienado, um alienígena. Pessoas solicitarão sua opinião sobre as atitudes do fulano e a bunda da deutrana e você não vai saber responder. Um episódio perdido e você estará totalmente desatualizado e não saberá mais quem está pegando quem e muito menos poderá diferenciar qual das beldades será contemplada com uma estampa na capa da Playboy e qual terá que se contentar com a Sexy.

O nome do programa “Big Brother”, que aliás, já era exibido em vários países antes de virar mania nacional, foi inspirado em um livro da década de 40, entitulado apenas “1984”. Nele, é narrada a história de uma sociedade totalmente passiva, vigiada e manipulada pelo Grande Irmão, através de telas onde este podia simultaneamente vigiar e transmitir informações totalmente forjadas segundo os interesse daquele governo, que tinha o objetivo de manter a sociedade escrava através da ignorância do seu povo. Nota-se que o nome serviu como uma luva.

Mesmo que a produção tente mostrar o contrário, a verdade é que o programa não passa de um mostruário onde são expostos os filhinhos e filhinhas de papai tentando desesperadamente aparecer na mídia. Posso estar errado, mas ao que tudo indica, todos os protagonistas têm grandes pistolões e QI´s (quem indica) no meio televisivo e da comunicação em geral. A prova disso é o modo como as gatonas e garotões sarados são selecionados. O processo é feito por debaixo dos panos e, na época certa, belos rostos sorridentes começam a pipocar nas chamadas do programa que está para estrear. Interessante é a forma como os dois participantes que têm entrado na casa através de sorteio sempre destoam consideravelmente do resto do grupo. Talvez se todos fossem selecionados desta forma, teríamos uma atração com alguma graça, já que inevitavelmente, o time estaria muito mais heterogêneo e, quem sabe, aumentasse a chance de pelo menos duas ou três pessoas não serem tão chatas e previsíveis. Por conseqüência, experimentaríamos uma queda vertiginosa no preço do quilo da abobrinha no feirão BBB.

Senhoras e senhores, vamos dar uma espiadinha? A sorte está lançada, que vença o melhor e que este faça um bom uso do dinheiro. Minha sugestão? Com um milhão de reais acredito que até um novo canal independente de televisão já daria para montar.

08 janeiro 2007

Tudo é relativo, inclusive a praia.


Vejam esta imagem: não acham que valeu a pena cada gota de suor derrubada durante uma hora de caminhada pela trilha pirambeira acima? Esta foto, melhor do que mil palavras, expressam o porquê de minha preferência pelas praias que normalmente não são a preferência dos outros.

O litoral catarinense, de uns vinte anos para cá, percebeu um aumento exponencial no número de freqüentadores. Lugares que antes faziam a alegria de hippies, surfistas e pescadores, hoje estão abarrotados de bares e turistas porcos. Sem entrar no mérito das ocupações indevidas por residências caríssimas à beira das praias, responsáveis pelo despejo de toneladas de cocô de luxo no mar, o que se vê hoje é um cenário um tanto diferente de outrora.

Estou ciente que isso pode soar um tanto hipócrita, mas, não sei não, acho que a praia, assim como outras belas demonstrações da “mãe natureza”, não combina muito com toda a infra-estrutura que normalmente é carregada à tira colo em passeios de finais de semana ensolarados. Um bom exemplo são as praias aqui do Rio Grande do Sul. Apesar das águas escuras e revoltas, não deixam de ser um belo cenário, pelo menos até o momento em que os veranistas resolvem transformar a faixa de areia em rodovia estadual, com direito a estacionamentos e engarrafamentos em horários de rush. Por que isso? Pela comodidade de não precisar dar míseros dez passos até a água? Ou talvez pela oportunidade de acabar servindo de entretenimento aos demais banhistas, caso o bichinho atole as quatro rodas? (Apesar da torcida constante, infelizmente as ocorrências são relativamente escassas). Há ainda os que, apenas por não gostarem do pobre carrinho, provocam, com requintes de crueldade, sua morte lenta na maresia devoradora de lata.

Praia com cerveja! Quem sou eu para maldizer a prática? Seria no mínimo apedrejado... Mas, cerveja com praia?? Ou ainda cerveja, milho, coco, picolé, queijinho, rosquinha, batatinha, farofa, sanduíche, churros, batida e cirarro com praia? Na verdade, desde que os respectivos resíduos sejam corretamente destinados, a princípio não há mal algum. O curioso é que, por diversas vezes, tem-se a nítida impressão que os comes, bebes e fumos têm prioridade maior que a própria praia!

Dê mais uma olhada na imagem acima. Lindo de morrer, não? Ótimo, será nossa programação para amanhã. Mas, espere um pouco... Onde estão os bares e os garçons que levam batatinhas fritas à beira d’água? Por onde vou entrar com o carro? E se a cerveja esquentar, onde vou comprar gelo?

Quer saber? nem é tão bonito assim... Bora pra Canasvieiras!!!
Atualização: aos finais de semana
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