Por que um milionário rouba?
As maracutaias, os golpes, os esquemas, as firulas dos políticos e empresários na temporada das CPI´s. Ganha quem conseguir surrupiar mais antes de ser pego.
Uma praga devastadora, comparável aos surtos de peste bubônica na Europa do século XIV, assola as regiões do planalto central. Nunca na história da República, um presidente pôde usar tanto a frase “nunca na história da República”, ao se referir aos fatos recentes da corrupção no país, tamanha a concentração de maracutaias e outros trambiques praticados pela classe dos homens de terno. É uma historinha atrás da outra, ou até mesmo duas ou três simultâneas. Não dá nem tempo da população respirar e se recuperar do soco no queixo desferido pela mão suja de um deputado, quando surge um senador para aplicar um cruzado de direita na boca do estômago do contribuinte. Apesar disso, ainda conseguimos apostar que há espécimes não corrompidos nos representando. A esperança é a última que morre, e a do brasileiro deveria se chamar Highlander, pois a impressão que se tem, é que absolutamente ninguém está a salvo, que todos estão envolvidos em algum esquema, e é apenas questão de tempo para que a próxima tramóia venha à tona.
O mal da ganância atinge o homem de tal forma que ele é movido a amontoar riquezas igualzinho aos esquilos que amontoam suas pilhas de nozes para o inverno. Mesmo em negócios plenamente lícitos, arranca-se o próprio couro, caso seja constatado que isto serve para aumentar o lucro. Enfim, suga-se até o último centavo. A verdade é que quanto mais se tem, mais se quer. Será isso um instinto animal, e por isso imutável, da espécie homo sapiens? Nos casos mais crônicos, velhinhos desviam mais dinheiro do que conseguirão gastar até o final da vida, e outros honoráveis senhores não descansam a mão ligeira enquanto não:
a) São presos;
b) Morrem;
c) Têm o membro amputado ao operarem um moedor de cana.
No nosso caso, o mais prudente é assinalar a alternativa “b”, já que na ocorrência de uma amputação, os avanços da medicina já permitem a implantação de excelentes próteses, capazes de reproduzir fielmente as habilidades originais.
Mas qual é a desses caras? Para que alguém precisa desviar 5 milhões quando já tem outros 50 na conta? Afinal, quanto precisamos para vivermos a vida plenamente? Claro, se você tem dinheiro, vai poder comprar filé mignon ao invés de moída de segunda com sebo, vai poder morar em um apartamento mais “ajeitadinho”, vai poder freqüentar as praias do nordeste ao invés do piscinão do clube, repleto de crianças com incontinência urinária. Até aí perfeitamente compreensível. Mas e os milionários que, de alguma forma, conseguem se convencer que não têm o suficiente? Sempre foi uma questão difícil de entender, até o dia que passo na frente de uma vitrine e contemplo um jeans pela bagatela de R$ 1.500, que alguém mais cedo ou mais tarde vai pagar com gosto, só para desfilar com uma grife de luxo estampada no traseiro. Realmente, nesse ritmo não há mesmo dinheiro que chegue.
Traseiros luxuosos e outras futilidades feitas para satisfazer caprichos de figurões e socialites metidos a besta me fazem lembrar do desenho animado "Mogli - o menino lobo" (Disney, 1967), onde o urso Baloo cantarolava feliz da vida:
"Necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais.
Necessário, somente o necessário/ por isso é que esta vida eu vivo em paz..."
O urso Baloo, sem a Polícia Federal na cola grampeando suas ligações telefônicas, sabia muito bem o que significava viver em paz.
As maracutaias, os golpes, os esquemas, as firulas dos políticos e empresários na temporada das CPI´s. Ganha quem conseguir surrupiar mais antes de ser pego.
Uma praga devastadora, comparável aos surtos de peste bubônica na Europa do século XIV, assola as regiões do planalto central. Nunca na história da República, um presidente pôde usar tanto a frase “nunca na história da República”, ao se referir aos fatos recentes da corrupção no país, tamanha a concentração de maracutaias e outros trambiques praticados pela classe dos homens de terno. É uma historinha atrás da outra, ou até mesmo duas ou três simultâneas. Não dá nem tempo da população respirar e se recuperar do soco no queixo desferido pela mão suja de um deputado, quando surge um senador para aplicar um cruzado de direita na boca do estômago do contribuinte. Apesar disso, ainda conseguimos apostar que há espécimes não corrompidos nos representando. A esperança é a última que morre, e a do brasileiro deveria se chamar Highlander, pois a impressão que se tem, é que absolutamente ninguém está a salvo, que todos estão envolvidos em algum esquema, e é apenas questão de tempo para que a próxima tramóia venha à tona.
O mal da ganância atinge o homem de tal forma que ele é movido a amontoar riquezas igualzinho aos esquilos que amontoam suas pilhas de nozes para o inverno. Mesmo em negócios plenamente lícitos, arranca-se o próprio couro, caso seja constatado que isto serve para aumentar o lucro. Enfim, suga-se até o último centavo. A verdade é que quanto mais se tem, mais se quer. Será isso um instinto animal, e por isso imutável, da espécie homo sapiens? Nos casos mais crônicos, velhinhos desviam mais dinheiro do que conseguirão gastar até o final da vida, e outros honoráveis senhores não descansam a mão ligeira enquanto não:
a) São presos;
b) Morrem;
c) Têm o membro amputado ao operarem um moedor de cana.
No nosso caso, o mais prudente é assinalar a alternativa “b”, já que na ocorrência de uma amputação, os avanços da medicina já permitem a implantação de excelentes próteses, capazes de reproduzir fielmente as habilidades originais.
Mas qual é a desses caras? Para que alguém precisa desviar 5 milhões quando já tem outros 50 na conta? Afinal, quanto precisamos para vivermos a vida plenamente? Claro, se você tem dinheiro, vai poder comprar filé mignon ao invés de moída de segunda com sebo, vai poder morar em um apartamento mais “ajeitadinho”, vai poder freqüentar as praias do nordeste ao invés do piscinão do clube, repleto de crianças com incontinência urinária. Até aí perfeitamente compreensível. Mas e os milionários que, de alguma forma, conseguem se convencer que não têm o suficiente? Sempre foi uma questão difícil de entender, até o dia que passo na frente de uma vitrine e contemplo um jeans pela bagatela de R$ 1.500, que alguém mais cedo ou mais tarde vai pagar com gosto, só para desfilar com uma grife de luxo estampada no traseiro. Realmente, nesse ritmo não há mesmo dinheiro que chegue.
Traseiros luxuosos e outras futilidades feitas para satisfazer caprichos de figurões e socialites metidos a besta me fazem lembrar do desenho animado "Mogli - o menino lobo" (Disney, 1967), onde o urso Baloo cantarolava feliz da vida:
"Necessário, somente o necessário, o extraordinário é demais.
Necessário, somente o necessário/ por isso é que esta vida eu vivo em paz..."
O urso Baloo, sem a Polícia Federal na cola grampeando suas ligações telefônicas, sabia muito bem o que significava viver em paz.