21 novembro 2006

Foz do Iguaçu - missão de paz

Dia desses estive em Foz do Iguaçu, no Paraná, em viagem à serviço pela empresa onde trabalho. Trocando em miúdos: “voltinha” de avião e comprinhas no Paraguai. Ah, sim, é claro, há também a parte do trabalho árduo, naturalmente... (tive que incluir esta parte às pressas para o caso do meu chefe ler este relato). Lembrando que nada disso faz parte da minha rotina de trabalhador e estudante que gasta a maior parte de seu salário com a mensalidade da faculdade.

Enfim, deixemos esses detalhes técnicos para outra ocasião e vamos direto para dentro da aeronave. Experiências anteriores haviam me ensinado que se o vôo dura menos de uma hora, o serviço de bordo se resume à míseras bolachinhas água e sal, balinhas para adoçar o bico e copinhos minúsculos com suquinhos light, servidos por aeromoças sorridentes e supermaquiadas. Se o lanche de bordo não ocupou muito meu tempo, acabei encontrando distração pela janela do avião, pois já em espaço aéreo de Foz, sobrevoamos o Parque Nacional do Iguaçu, com uma bela visão do rio de mesmo nome, da Usina Hidrelétrica de Itaipu e de uma considerável área de mata fechada.

Apesar do clima generoso no Rio Grande do Sul nos últimos dias, onde os casacos já haviam retornado ao fundo do armário, foi quase um choque, para este apreciador do clima tropical, descer do avião e receber na cara uma bela lufada de ar quente e se deparar com o legítimo sol de rachar coco, responsável por elevar a temperatura acima dos 35 graus.

Já no dia seguinte, na etapa internacional da viagem, atravessei a Ponte da Amizade, adentrando no paraíso das compras de qualidade duvidosa. A primeira coisa que reparei foi a incrível semelhança daquilo com a única imagem que eu guardava do local de quase vinte anos atrás, quando estive ali com minha família, que era a imundície e a feiúra generalizada da cidade. Como a tarde já caminhava para o fim, não se via mais a presença maciça dos vendedores ambulantes, os famosos comerciantes dos produtos onde la garantia no existe, mas pelas montanhas de lixo formadas basicamente por embalagens vazias, pude ter uma boa idéia da muvuca no horário de pico. Provavelmente mera precaução, mas a entrada da loja de eletrônicos onde fiz minhas singelas comprinhas era guardada por dois marmanjos de escopeta em punho... Lá dentro, mais moças sorridentes e supermaquiadas. Acredito que tinham inaugurado a loja a pouco tempo, pois até vinho ofereciam à clientela, o qual achei mais prudente dispensar.

Após todo o dever de casa feito e os reais motivos para minha ida a Foz do Iguaçu terem sido encaminhados, ainda me restava um belo sábado de sol para exploração dos arredores. Resolvi então visitar a usina Hidrelétrica de Itaipu, atualmente a maior do mundo. Só não digo que a visita valeu cada centavo porque na verdade foi inteiramente gratuita. É realmente impressionante e também uma visão deslumbrante, a grandiosidade das instalações, onde todos os dados são mensurados na casa dos milhares. Classificada como uma das sete maravilhas da engenharia, a usina produz 25% de toda a energia que o Brasil consome e 95% da consumida no Paraguai. Uma coisa que sempre me intrigou, é de que modo os construtores da barragem haviam construído um muro da altura de um prédio de 65 andares no meio do caudaloso Rio Paraná. As respostas acabaram vindo todas em fotos e vídeos sobre a usina, exibidos para um auditório cheio de gringos de todos os confins do planeta.
No fim das contas, um belo programa para um sábado que começou bem cedo, certamente justificando as horas a menos de sono...

15 novembro 2006

... por Ayrton Senna

O ano era 1994. A seleção brasileira de futebol nos brindava com o tão aguardado tetra campeonato e eu, por sinal bem menos ocupado que hoje em dia, recolhia uns jornais velhos, esquecidos em algum canto empoeirado da garagem. Mas que raios eu queria com aquilo? Material para rabiola de pipa? Forro para gaiola de passarinho? Outros fins menos nobres? Realmente não me recordo. O interessante é que no meio daquela papelada, acabei encontrando uma bela homenagem ao saudoso Ayrton Senna da Silva. E não era pouca coisa: a imensa página do “Estado de São Paulo” ostentava uma também imensa caricatura do nosso talentoso piloto e candidato a herói nacional. No topo da página lia-se em letras garrafais: “Cenas do cotidiano, por Ayrton Senna”. Consistia basicamente de inúmeros trechos aleatórios de entrevistas do piloto, onde ele falava sobre assuntos diversos, expondo fatos do seu cotidiano juntamente com análises críticas e opiniões pessoais sobre cada assunto.
Resolvi levar a página para meu quarto, onde ela não mais estaria condenada a ser estendida no chão da garagem para aparar eventuais gotas de óleo do motor da pick-up Chevrolet 1978 de meu pai (impecável por sinal). Já no meu quarto, a caricatura recebeu um belo tratamento à base de lápis de cor e “canetinha hidrocor” de um daqueles estojos sobreviventes da época da pré-escola – vulgo “prézinho” e, modéstia à parte, acabou ficando jóia. Há de se relevar que eu não era lá muito exigente e nem detinha maiores conhecimento em termos de arte, mas pensando bem, realmente o resultado ficou agradável aos olhos e a caricatura passou a dividir espaço na parede do meu quarto com um pôster da seleção de Bebeto, Romário, Dunga, Branco e companhia, outra “obra de arte” de qualidade duvidosa ali exposta.
Passados alguns meses (ou seriam anos?) o quadro da seleção de 94 acabou virando lenha e a página de jornal com o Sr. Senna estampado deve ter servido para acender alguma fogueira da vizinhança. Mas serviu também para nomear esta minha página. Resta saber se ela, assim como seu “muso” inspirador, também encontrará seu triste fim em alguma fogueira por aí...
Atualização: aos finais de semana
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