Em um pequeno vilarejo morava uma velhinha, cega de nascença. Ela nunca fora casada, tampouco tivera filhos. Seria completamente sozinha, não fossem as crianças da vizinhança, que diariamente vinham ouvir suas histórias e degustar os biscoitos que ela tão habilmente assava em seu forno à lenha. A velhinha adorava aquelas crianças e tinha por elas um carinho especial. Por isso, gostava de transmitir a elas seus ensinamentos de vida, pois desejava que todas se tornassem pessoas honestas e felizes. Uma das coisas que ela costumava ensinar às crianças era sobre os males da cobiça. Dizia ela:
"Crianças, nunca cobicem algo que não lhes pertencem, isso é muito feio, vocês são todos jovenzinhos que eu prezo muito, não me decepcionem sucumbindo a este mal que é a cobiça. Vejam meu exemplo, vivo na simplicidade e nunca cobicei nada de ninguém, não preciso disso. E saibam que eu ficaria muito triste se visse algum de vocês agindo dessa forma".
Foi então que um garotinho, que até então estivera ali sentado, ouvindo a velhinha com o semblante pensativo, olhou para ela falou:
"Sabe senhora, meu pai sempre gostou de cavalos e nós sempre tivemos um belo par, que papai usava para puxar a nossa carroça de frutas. Ele gostava muito dos seus cavalos e estava sempre a elogiar a força daqueles animais. Até que, há alguns meses, nosso vizinho comprou um lindo puro sangue e veio mostrá-lo ao meu pai. Antes de comprá-lo, no entanto, ele tinha passado duas semanas falando das qualidades deste cavalo que ele estava para comprar, mas meu pai permanecia indiferente, e dizia: “Esse seu pode até ser bom, mas não é melhor que esses meus dois aqui, iguais a esses não existem”. E meu pai continuava feliz e satisfeito com seus cavalos até o dia em que nosso vizinho trouxe para casa o cavalo recém adquirido e veio mostrá-lo ao meu pai. E aconteceu que, a partir do momento em que meu pai botou os olhos naquele cavalo, passou a cobiçá-lo. Mesmo já tendo ouvido sua descrição completa, nunca tinha tido a oportunidade de vê-lo. Foi a visão que lhe trouxe a cobiça".
E a velhinha cega, do alto da sua sapiência, imediatamente lembrou-se de uma passagem muito bonita que certa vez alguém lhe tinha lido: “o essencial é invisível aos olhos, mas sensível ao coração...”. Por ser cega de nascença, só tinha tido o privilégio de enxergar com o coração. Talvez, se ela pudesse enxergar como as crianças, provavelmente teria, ao longo de sua longa vida, sucumbido ao mesmo mal. E percebeu que não tinha o direito de julgá-las.
"Crianças, nunca cobicem algo que não lhes pertencem, isso é muito feio, vocês são todos jovenzinhos que eu prezo muito, não me decepcionem sucumbindo a este mal que é a cobiça. Vejam meu exemplo, vivo na simplicidade e nunca cobicei nada de ninguém, não preciso disso. E saibam que eu ficaria muito triste se visse algum de vocês agindo dessa forma".
Foi então que um garotinho, que até então estivera ali sentado, ouvindo a velhinha com o semblante pensativo, olhou para ela falou:
"Sabe senhora, meu pai sempre gostou de cavalos e nós sempre tivemos um belo par, que papai usava para puxar a nossa carroça de frutas. Ele gostava muito dos seus cavalos e estava sempre a elogiar a força daqueles animais. Até que, há alguns meses, nosso vizinho comprou um lindo puro sangue e veio mostrá-lo ao meu pai. Antes de comprá-lo, no entanto, ele tinha passado duas semanas falando das qualidades deste cavalo que ele estava para comprar, mas meu pai permanecia indiferente, e dizia: “Esse seu pode até ser bom, mas não é melhor que esses meus dois aqui, iguais a esses não existem”. E meu pai continuava feliz e satisfeito com seus cavalos até o dia em que nosso vizinho trouxe para casa o cavalo recém adquirido e veio mostrá-lo ao meu pai. E aconteceu que, a partir do momento em que meu pai botou os olhos naquele cavalo, passou a cobiçá-lo. Mesmo já tendo ouvido sua descrição completa, nunca tinha tido a oportunidade de vê-lo. Foi a visão que lhe trouxe a cobiça".
E a velhinha cega, do alto da sua sapiência, imediatamente lembrou-se de uma passagem muito bonita que certa vez alguém lhe tinha lido: “o essencial é invisível aos olhos, mas sensível ao coração...”. Por ser cega de nascença, só tinha tido o privilégio de enxergar com o coração. Talvez, se ela pudesse enxergar como as crianças, provavelmente teria, ao longo de sua longa vida, sucumbido ao mesmo mal. E percebeu que não tinha o direito de julgá-las.