05 janeiro 2008

Cumprindo tabela no reveillon


“Adeus ano velho, feliz ano novo”. Novamente nos despedimos do ano velho, já com aspecto roto, gasto, bem diferente de quando ele iniciou: novinho, todo limpinho e com cheiro de talquinho de nenê.

O início de cada ano é um marco de mudanças para aqueles que se propõe a encarar novos desafios, e também um ponto de referência, que nos ajuda a lembrar que devemos esquecer as desilusões e direcionar nosso pensamento para o futuro, ou, melhor ainda, para o presente. É o momento de fazermos novos planos e colocarmos em prática os antigos. Após as doze badaladas, dívidas são perdoadas, intrigas são eliminadas e dietas são iniciadas.

No entanto, se você é daqueles que não vêem a coisa dessa forma e encaram a virada como um dia depois do outro, não se acanhe. Eis uma receita simples para deixar o início do ano marcado na sua memória, sem riscos desse dia acabar passando em branco.

Para começar, compareça à festa em alguma praia ou avenida lotada. Vá munido de uma garrafa de champanhe barato, a ser generosamente borrifado na cabeça de todos à sua volta. Não aja de maneira inconseqüente, mas seja criterioso na escolha de suas vítimas: priorize as pessoas de banho tomado e de roupinha branca, não tem como errar. Dê também preferência às moças com cabelo alisado às custas daquele engenhoca conhecida como “chapinha”. Leve consigo pelo menos duas caixas de rojões barulhentos - os mesmos que você usou para comemorar o rebaixamento do time adversário, e exploda tudo a poucos metros dos seus vizinhos. Após o espetáculo dos fogos de artifício, corra para junto do palco montado na praia e assista ao pagodão patrocinado pela prefeitura. Depois do show, caso a tarefa de voltar para casa lhe pareça excessivamente árdua e irrelevante, acomode-se na areia e se entregue a Morpheus, até ser acordado na manhã seguinte, com sua cabeça sendo massageada pela vassoura de um gari.

Para os mais ortodoxos ou os menos corajosos, existe ainda a opção de iniciar o ano no aconchego do próprio lar. Neste caso, é muito importante não sucumbir à televisão, evitando assim sua exposição às ondas sonoras e eletromagnéticas nocivas à saúde, emitidas pela programação de fim de ano e propagadas por Faustão, Roberto Carlos, Xuxa e Renato Aragão. Longe das drogas e de cara limpa, aproveite o ar fresco da noite, vá à varanda e assista ao espetáculo quase particular de pirotecnia que seu vizinho fez o favor de lhe proporcionar, sem ônus algum.

Seja lá qual tenha sido a sua programação, mantenha o pensamento positivo e acolha 2008 com todo o otimismo que ele merece. Talvez ainda não seja este o ano em que você vai perder os quilinhos a mais ou que sua vida vá dar um grande salto. Você provavelmente não irá ganhar na loteria e nem mesmo nenhuma daquelas ladainhas anunciadas no seu horóscopo irá se realizar. No entanto, você esta aí, com saúde, tem comida na sua geladeira e você é perfeitamente capaz de ler este texto. Grandes coisa? Você é que pensa! Há muito ao seu alcance, possivelmente mais do que imagina. Estenda a mão e escolha os bons livros da prateleira. Providencie uma bússola e escolha corretamente seus caminhos. Tire proveito do fato de não haver ninguém chicoteando seu lombo e te impedindo de buscar estas coisas. E a partir daí, faça você mesmo o seu “feliz ano novo”.

E que todos nós o façamos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Eu concordo! A felicidade está muito mais perto do que costumamos imaginar. Talvez porque não temos tempo de abrir os olhos para enxergá-la na nossa frente, ou talvez porque não sabemos exatamente o que é que afinal de contas nos faz felizes.
Por que temos que esperar o fim do ano para sentir esperanças de uma vida melhor? O sol nasce todos os dias e a cada 24 horas podemos apreciar um amanhecer e uma nova chance de mudar...
Ah, mas talvez mudar seja muito difícil, talvez requeira muita energia. Sendo assim vamos esperar a virada do ano e toda a sorte que ela traz, talvez nossa vida mude sem que a gente precise mudar.

Laura Hulshof

Anônimo disse...

A virada do ano é apenas uma marca artificial que fazemos a intervalos regulares ao longo de uma estrada monótona.
Não muda em nada a estrada.
É apenas um pretexto para pararmos e descansarmos um pouco.

Atualização: aos finais de semana
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